ABRIL AZUL
Nesta terça-feira, 02, se celebra em todos os países, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
Ao contrário do que estigmas afirmam, o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) não caracteriza uma doença, mas, sim, uma variação do funcionamento típico do cérebro. A condição faz parte dos transtornos do desenvolvimento neurológico, sendo que os sintomas tendem a se manifestar nos primeiros anos de vida.
Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.
No mundo, segundo a ONU, acredita-se haver mais de 70 milhões de pessoas com autismo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. A incidência em meninos é maior, tendo uma relação de quatro meninos para uma menina com autismo.
Para falar de uma data tão importante, o Tribuna Ourinhense entrevistou duas mães que tem filhos autistas, para nos contar quais os desafios, dificuldades e superações enfrentadas por eles e por seus filhos e sobre a importância do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo e também sobre a campanha Abril Azul.
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Daniela ao lado de sua filha Melissa |
Daniela Teixeira Silva é mãe de Melissa que hoje têm 6 anos e foi diagnosticada com TEA aos 3 anos de idade e nos contou todo o processo pelo que passou neste período e que passa ainda. “Quando recebi o diagnóstico de autismo para minha filha foi muito difícil, um processo muito dolorido. Mas eu consegui superar mais que meu marido. Eu passei por um processo de transição entre aceitar e entender. Foi muito difícil para mim porque as mães que eu conhecia que sabia que tinham filhos com autismo, não queriam falar sobre o assunto, e por conta disso acabei me sentindo como se fosse a única mãe no mundo que estava passando por isso. Mas eu olhava para minha filha e falava: a mamãe ta aqui e vai te ajudar a te dar qualidade de vida. Até hoje é um processo difícil, pois são muitos tratamentos e dificuldades. Mas eu batalho, busco informações, conhecimento por fontes corretas, para poder dar estabilidade a minha filha. Graças a Deus hoje minha filha tem uma boa qualidade de vida. Ela foi diagnosticada com autismo suporte 2 aos três anos de idade e hoje está com seis anos, com todas terapias é suporte 1, ainda passar por tratamentos, mas escuto muitas pessoas falando hoje que nem parece que tem autismo. Muitas vezes a menina por ser mais comunicativa, acaba tendo o diagnóstico tardio. Porque por trás desse comportamento social aparentemente normal, tem o cognitivo comprometido, a rigidez, a seletividade alimentar, o que traz muitos prejuízos no futuro dela. Por isso hoje, nós trabalhamos muito isso com a Melissa, ela tem a parte sensorial mais sensível, a parte cognitiva, a rigidez, e trabalhamos tudo isso, para ter uma melhor qualidade de vida no futuro. Eu tinha muito medo, porque os casos de suicídio entre meninas com TEA, são muito maiores em relação aos meninos. Porque elas chegam numa certa idade que não se enquadram em relação as outras meninas, e isso as leva a entrar num processo depressivo e de se trancar no quarto, num processo que muitas vezes as levam ao suicídio. Nós termos um Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é muito importante, apesar de que levanto essa bandeira todos os dias, acredito que não só o TEA, mas todos os tipos de transtornos existentes têm que ser falado na escola, ter redes de apoio, direcionando essas pessoas, para que essas famílias possam ser ajudadas, já que muitas vezes elas acabam se fechando e deixando de fornecer o tratamento para seus filhos, por questões da sociedade, familiar e financeira, por não ter essa base, para dar qualidade de vida a estas crianças. Por isso tudo, considero muito importante não apenas o Dia 02 de abril, mas também a campanha Abril Azul, feita durante todo este mês”, ressaltou.
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Vanessa ao lado de seu filho |
Vanessa é mãe de Luiz Eduardo, que têm hoje 10 anos e nos contou tudo que viveu ao longo destes anos, desde o diagnóstico de autismo do filho aos 2 anos e meio. “A partir do diagnóstico você vive um luto e existe um preconceito dentro da própria família que deixa tanto a criança como os pais, isolados. No meu caso, meu filho traz algumas comorbidades decorrentes do autismo, que é o TDAH e o TOD (Transtorno Opositor Desafiador), então ele teve muitos problemas na escola, já que não há um preparo adequado dos professores para sua inclusão. Meu filho passou por avaliação 6 meses na APAE e eles me deram um laudo dizendo que meu filho tinha características que apontavam para o autismo e no final de 2016, passei no Neuropediatra e ele deu o laudo do TEA, TDAH e o TOD. Além desta questão, temos a dificuldade de ter profissionais especialistas para o atendimento, já que Ourinhos não tem Neuropediatra, Terapeuta Ocupacional tem pouquíssimos e mesmo no particular, vive lotado. A APAE tenta fazer a parte dela na educação, mas na parte da saúde, que seriam as terapias, ele não conseguem atender a demanda, já que lidam com outras deficiências também”, contou.
Origem da data
A ONU (Organização das Nações Unidas), no fim de 2007, definiu todo 2 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (no original em inglês: World Autism Awareness Day), quando cartões-postais de todo o planeta se iluminam de azul, é o “Ligh it up Blue!”, para lembrar a data e chamar a atenção da mídia e da sociedade para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). No Brasil, o mais famoso é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ).
Em 2024 o tema é “Valorize as capacidades e respeite os limites!“, com a hashtag #AutistaValorizeCapacidades nas redes sociais. Desde 2020, todo ano, a comunidade envolvida com a causa do autismo no Brasil todo segue, unida, em uma campanha nacional com tema único.
O que é o TEA?
O autismo — nome técnico oficial: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) — é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito ou hiperfoco e movimentos repetitivos). Não há só um, mas muitos subtipos do transtorno. Tão abrangente que se usa o termo “espectro”, pelos vários níveis de suporte que necessitam — há desde pessoas com outros transtornos, doenças e condições associadas (coocorrências), como deficiência intelectual e epilepsia, até pessoas independentes, com vida comum, algumas nem sabem que são autistas, pois jamais tiveram diagnóstico.
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