O Brasil celebra neste 18 de maio o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, uma data que carrega a dor de um passado marcado por segregação social e violências, mas também a resistência das ideias e das pessoas que acreditam em um cuidado em saúde mental baseado na dignidade humana.
Por décadas, o modelo manicomial tratou o sofrimento psíquico com isolamento, contenção, medicalização e silêncio. Hospitais psiquiátricos tornaram-se depósitos de vidas esquecidas — muitos, sem diagnóstico, sem tratamento, sem nome. A Luta Antimanicomial surge como reação a essa lógica, exigindo uma política pública que respeite a liberdade, a escuta e a reintegração social.
A Reforma Psiquiátrica, consagrada na Lei nº 10.216/2001, transformou esse cenário ao priorizar uma rede de atenção psicossocial territorializada, tendo os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como porta de entrada para o cuidado contínuo e humanizado. Neste modelo, que se opõe à lógica de centralizar o tratamento em grandes hospitais ou instituições afastadas (como os antigos manicômios), o atendimento acontece dentro da própria comunidade do usuário. Isso facilita o acesso, respeita os vínculos sociais e familiares e promove a reintegração social.
Apesar do reconhecimento da Luta Antimanicomial, o cenário da saúde mental ainda enfrenta desafios significativos como o persistente preconceito, a escassez de recursos e a invisibilidade do sofrimento psíquico, manifestados na falta de acesso e na espera por políticas públicas.
Em alusão à data, a Secretaria de Saúde de Ourinhos realizou neste mês de maio, em parceria com a Estácio de Sá, um evento com o tema “Desafios na Saúde Mental e Atenção Psicossocial”, reunindo estudantes dos cursos de Psicologia e Enfermagem para debates sobre o assunto. Durante o evento, também foi apresentada uma peça de teatro desenvolvida por participantes do CAPS II. Outro destaque será o InterCAPS, no dia 20/05, com atividades esportivas e gincanas entre os usuários das três unidades.
De acordo com o coordenador municipal de Saúde Mental, Marco Aurélio Andrade, lembrar da Luta Antimanicomial no mês de maio tem como grande objetivo a conscientização sobre as intervenções do cuidado em saúde mental. “A internação deve ser utilizada como último recurso e que essas pessoas têm o direito do tratamento em liberdade”, explica.
Em Ourinhos, três CAPS funcionam com atendimento por demanda espontânea: o CAPS II (transtornos graves e persistentes), o CAPS AD (álcool e drogas) e o CAPS IJ (infância e adolescência). Segundo o coordenador municipal, embora os serviços contem com equipe completa, existem barreiras externas e individuais, pois ideias equivocadas sobre o cuidado em saúde mental ainda afasta muitas pessoas. “O estigma ainda afasta muita gente. Piadas, desinformação e preconceito impedem que pessoas sofrendo busquem ajuda”, alerta.
Marco explica também que consolidar o atendimento em saúde mental no território é um desafio a ser discutido e superado. “A Secretaria de Saúde tem realizado o ‘Encontro Diagnóstico em Saúde Mental’, onde acontecem reuniões mensais com representantes da rede a fim de levantar as problemáticas ainda existentes e consolidar soluções para o atendimento desse público em seus bairros pelas unidades de saúde”, afirma.
A Luta Antimanicomial não é simbólica. É concreta, cotidiana e urgente. E exige de cada um — cidadão, gestor ou profissional — o compromisso de garantir que nenhuma dor seja tratada com isolamento, e que o cuidado em saúde mental seja, acima de tudo, respeito à vida.
A população de Ourinhos pode acessar os serviços de saúde mental de forma gratuita e direta, sem necessidade de encaminhamento. Basta comparecer em horário comercial, com documento pessoal, a uma das unidades de CAPS:
CAPS II: Travessa Vereador Abrahão Abujamra, 62 – Centro | Tel: (14) 3326-9256
CAPS AD: Rua Padre Salustiano, 334 – Vila Margarida | Tel: (14) 3302-6103
CAPS IJ: Rua Irmãos Cione, 245 – Vila Musa | Tel: (14) 3302-6144
Mais informações também podem ser obtidas junto à Secretaria Municipal de Saúde, pelo telefone (14) 3302-6100.
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